Oficina-performance Danças deCooloniais - Movimentos e Comunidades

Esta proposta foi elaborada no contexto da quarentena Covid-19 e apoiado pelo fundo de Emergência de Apoio às Artes do Ministério da Cultura português. A oficina-performance Danças deCooloniais - Movimentos e Comunidades, constitui-se como uma proposta híbrida e transdisciplinar, entre a criação artística, a investigação coreográfica e as práticas sociais, construída a partir do pensamento crítico contemporâneo. A pesquisa que realizei sobre as relações entre estética e política através da lente coreográfica, gatilhada a partir da perceção da crise nas formas de vida contemporâneas, levou-me à necessidade da criação e pesquisa de dispositivos de encontro e experimentação entre e com corporalidades diversas, levando em conta as diferenças (coloniais) de raça, género e classe. A fragmentação social provocada pelas formas de vida engendradas pelo chamado capitalismo tardio e cognitivo implicam, muitas vezes, sedentarismo e o encorajamento ao individualismo, que podem levar à obturação das capacidades sensíveis, afetivas e empáticas que se manifestam através do encontro entre as corporalidades e suas capacidades de movimento e mobilização. Este panorama, é agora agudizado pela atual situação de pandemia global, contexto no qual, o isolamento e distanciamento social são inevitáveis. Mais do que nunca, após este pico da crise sistémica na qual vivemos, tornar-se-á necessário e urgente, não apenas repensar, mas colocar em movimento experiências e experimentações, que nos permitam considerar e ir encarnando outras configurações do comum. É aqui que, no nosso entender, as práticas artísticas, e em particular as artes do movimento, oferecem uma constelação de ferramentas: das práticas somáticas, aos jogos coreográficos, à criação de (contra) dispositivos, até a diversas formas de improvisação, que podem ser colocadas ao serviço da transformação social, facilitando o recondicionamento de subjetividades a partir do entrelaçamento das práticas dos corpos com o pensamento crítico.

Workshop-performance deCoolonial Dances - Movements and Communities


This proposal was developed within the context of the Covid-19 quarantine and supported by the Emergency Fund to Support the Arts of the portuguese ministry of culture. The workshop-performance Decoolonial Dances - Movements and Communities, constitutes itself as a hybrid and transdisciplinary proposal, between art work, choreographic research and social practices, based on contemporary critical thinking. The phd research I carried out on the relationship between aesthetics and politics through the choreographic lens, triggered by the perception of the crisis in contemporary forms of life, led me to the need to create and research devices for meeting and experimenting with and through different corporealities, taking into account (colonial) differences of race, gender and class. The social fragmentation caused by the forms of life engendered by the so-called late and cognitive capitalism, often imply excessive sedentary lifestyle and the encouragement of individualism, which can lead to the obturation of the sensitive, affective and empathic capacities that are manifested through the encounter between the corporealities and their ability to move and mobilize. This panorama is now aggravated by the current situation of a global pandemic, a context in which isolation and social distance are inevitable. More than ever, after this peak of a systemic crisis in which we live, it will be urgent, not only to rethink, but to set in motion experiences and experiments, which can allow us to consider and embody other configurations of the common. It is here that, in our view, artistic practices, and in particular the arts of movement, offer a constellation of tools: from somatic practices, to choreographic games, to the creation of (counter) devices, to various forms of improvisation, which can be placed at the service of social transformation, facilitating the reconditioning of subjectivities through the intertwining of bodily practices with critical thinking.
Laboratório de Coreografia Expandida, INAE (Instituto Nacional de las Artes Cénicas) Montevideo, Uruguai, 2016
The Institute for noWfutures, Programa de residências para criadores ibero-americanos, Cidade do México, 2012
izquierda.derecha.izquierda, Festival DanzAfuera, La Plata, Argentina, 2018 ( Ana Monteiro e Celeste Rojas Mujica)

Nota biográfica

Ana Monteiro é doutoranda em Estudos Artísticos pela Universidade Nova de Lisboa, bolseira FCT (2015-2019). Desenvolve uma investigação sobre dança, coreografia e decolonialidade. De 2010 a 2012, gradua-se no programa de mestrado MA SODA (Solo, Dance, Authorship) pela HZT- Centro Inter-universitário de Dança em Berlim / UDK-Universitat der Kunste Berlin, como Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2007 licenciou-se em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e em 2006, participou no Curso de Pesquisa e Investigação Coreográfica e no Curso de Dança na Comunidade no Forum Dança, Lisboa. Em 2009 ao abrigo do programa INOV-Art, realiza um estágio/residência no Bétonsalon - Centre d ́Art et de Recherche em Paris, onde desenvolve trabalho de arte enquanto prática social com a comunidade do XIII arrondissement. Colaborou em projetos de cariz comunitário com as estruturas:
Tűzraktér (Budapeste), Performing Arts Forum (St. Erme), Tanzscout (Berlim), Artincidence (Fort-de-France) e Siembra Decolonial (Buenos Aires). Em 2020 forma-se como professora de Yoga Integral pela Escuela Internacional de Yoga de Buenos Aires. Aborda a coreografia enquanto prática expandida e as suas proposições artísticas consistem em: performances, práticas especulativas, caminhadas, oficinas, remakes, vídeos, procurando desafiar noções fixas de dança, coreografia e performance. Estas atividades têm-se desenvolvido entre a Europa ( Portugal, França, Alemanha, Estónia, Itália etc.) e a América (México, Uruguai, Argentina, Santiago do Chile, Bolívia e Martinica). O principal foco do seu trabalho é a ativação de espaços para a integração do pensamento crítico com os movimentos das corporalidades.


Ana Monteiro is a PhD student in Art Studies at Universidade Nova de Lisboa, FCT fellowship (2015-2019). She develops a research in dance, choreography and decoloniality in Buenos Aires, Argentina, From 2010 to 2012, graduated from MA SODA master's program (Solo, Dance, Authorship) by HZT- Inter-university Dance Center in Berlin / UDK-Universitat der Kunste Berlin, with a scholarship from the Calouste Gulbenkian Foundation. In 2007, graduated at the Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) and in 2006, she took part of the Choreographic Research and Dance in the Community courses at Forum Dança, Lisbon. In 2009 under the INOV-Art program, carried out an internship / residency at Bétonsalon - Center d ́Art et de Recherche in Paris, where she developed the approach of art as a social practice. Colaborated on community projects with the following structures: Tűzraktér (Budapest), Performing Arts Forum (St. Erme), Tanzscout (Berlin), Artincidence (Fort-de-France) and Siembra Decolonial (Buenos Aires). Approaches choreography as an expanded practice and her artistic propositions consist of: performances, speculative practices, walks, workshops, remakes, videos, that challenge fixed notions of dance, choreography and performance. These activities have been developed between Europe (Portugal, France, Germany, Estonia, Italy etc.) and America (Mexico, Uruguay, Argentina, Santiago de Chile, Bolivia and Martinique). The main focus of her work is the activation of spaces for the integration of critical thinking with the movements of bodies.